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Alimentos transgênicos envolvem a manipulação de genes de um organismo para o outro para adquirir características desejadas. A alteração da composição nutricional, a resistência a pesticidas, insetos e doenças e o aumento da produção, são características sujeitas a engenharia genética. A indústria de biotecnologia tem procurado destacar que os alimentos geneticamente modificados são tão seguros quanto os convencionais.
No que diz respeito ao combate à fome, o agrônomo Marc Dufumier critica o modelo de produção ligado aos transgênicos como sendo inaptos a contribuir de maneira significativa para a redução da fome no mundo, e destaca o porque de não valorizar e apoiar técnicas para os pequenos agricultores enfrentarem as questões de fome e subnutrição.
Pouco mais de 90% das 570 milhões de propriedades agrícolas mundiais são geridas por famílias, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Essas propriedades são responsáveis por 75% de todos os recursos agrícolas globais. Isso representa 80% dos alimentos no mundo inteiro e também significa que as estratégias de desenvolvimento sustentável ambiental, social e econômico passam, necessariamente, por este setor produtivo.
Quanto aos impactos na saúde, pesquisadores destacam as alergias alimentares e a resistência aos antibióticos, como os principais, entre outras possíveis complicações relacionadas aos alimentos transgênicos.
As alergias alimentares são respostas anormais do sistema imunológico a substâncias estranhas dos alimentos, usualmente proteínas. A introdução de um gene para codificar uma proteína que não era naturalmente presente naquele alimento é uma das preocupações da engenharia genética.
Na Inglaterra em 1999, o Instituto de Nutrição constatou o aumento de 50% na alergia a produtos a base de soja, afirmando que o resultado poderia ser atribuído ao consumo de soja geneticamente modificada.
Há discussão também sobre o desenvolvimento de câncer e outras complicações com o consumo de alimentos transgênicos. Um estudo do pesquisador francês Gilles-Eric realizado em camundongos, com dietas ofertadas em 11%, 22% e 33% de milhos transgênicos por 2 anos, foi possível analisar o aumento de câncer, problemas renais e hepáticos nas dietas com milhos transgênicos com e sem herbicidas.
Em relação à resistência aos antibióticos, nem todas as plantas sujeitas às modificações genéticas são realizadas com sucesso, portanto, é necessário o recurso de genes marcadores como o nptll e o bla TEM1, que conferem resistência aos antibióticos canamicina/neomicina e ampicilina/amoxicilina, respectivamente. Com isso, pode reduzir a eficácia dos medicamentos a base de antibióticos utilizados pela população.
O emprego de cultivares transgênicos resistentes aos herbicidas vem sendo feito pelo fato de que para uma cultura ser resistente basta um herbicida seletivo, ou seja, um único herbicida pode apresentar seletividade para diversas espécies de plantas. As vantagens, no geral, seriam na produção e manejo do alimento já que o prejuízo do herbicida causado no alimento resistente (transgênico) seria menor, mas como consequência, as pragas e as ervas daninhas também poderão desenvolver resistência e com isso haverá uma maior necessidade de aplicação de veneno nas plantações, causando um aumento de resíduos tóxicos no alimento e contaminação ambiental. Portanto, o uso de transgênicos no Brasil também foi um dos motivos que colocaram o país como o maior consumidor de agrotóxico.
O alimento geneticamente modificado, ainda é bem controverso diante dos seus riscos e benefícios. Se por um lado a indústria tenta convencer os consumidores dos seus benefícios e faz promessas de combater a fome no mundo, por outro lado vários pesquisadores alertam para os riscos ao meio ambiente e à saúde.
Também é difícil mensurar os benefícios, no que diz respeito à composição nutricional, devido a complexidade da matriz celular dos alimentos. Os alimentos são compostos por vários componentes, podemos chamar de nutrientes benéficos ou não benéficos, como por exemplo as substâncias antinutricionais, dessa forma, a modificação genética pode afetar qualquer um desses componentes, pode agregar valor nutricional ou não.
O que fazer?
Embora seja amplo o campo de alimentos geneticamente modificados e é um segmento em constante desenvolvimento, evitar o consumo frequente (diário) de alimentos transgênicos, aqueles sinalizados com o símbolo T nas embalagens, principalmente soja e milho, mas associar com uma alimentação adequada e se possível com parte da alimentação em produtos orgânicos, bem como para os campeões em agrotóxicos de acordo com o relatório de análise da Anvisa 2018-2019, como: pimentão, goiaba, cenoura, tomate, alface, uva, laranja e abacaxi, ou fazer a troca/variar esses alimentos por outras frutas, folhas e legumes, são as melhores medidas a se fazer.
Referências:
Zanoni, M.; Ferment, G. Transgênicos para quem? Agricultura Ciência Sociedade. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Brasília, 2011.
Carreiro, D. 1 edição- São Paulo, São Paulo, 2013.
Séralini, G.E.; Clair, E.; Mesnage, R.; Gress, S.; Defarge, D.; Malatesta, M.; Hennequin, D.; Vendômois, J.S. Long term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant genetically modified maize. Food and Chemical Toxicology 50 (2012) 4221–4231.
Monquero, P.A. Plantas transgênicas resistentes aos herbicidas: Situação e Perspectivas. Bragantia, Campinas, v.64, n.4, p.517-531, 2005.
Caldeira, A.R.R. Alimentos geneticamente modificados de origem vegetal. O seu impacto na saúde. Faculdades de Ciências da Nutrição e Alimentação. Universidade do Porto. 2001/2002.
Moura, L.C.M. A questão dos transgênicos e a sustentabilidade da agricultura. Goiânia, v. 36, n. 11/12, p. 1231-1240, nov./dez. 2009.
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© 2014. Anna Cláudia Loyola - Nutricionista.
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