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Cafeína Emagrece?

Primeiramente, é fundamental compreender o papel da cafeína, um estimulante natural do grupo das metilxantinas, encontrado em plantas como café, chás, cacau e refrigerantes à base de cola. Além disso, fabricantes frequentemente combinam essa substância com outros compostos, como teofilina e teobromina, ampliando seu uso em bebidas energéticas, suplementos e medicamentos. Vale destacar que a cafeína se consolida como a substância psicoativa mais consumida no mundo, especialmente por seu efeito estimulante.

Consumo e Segurança

No contexto do consumo, adultos brasileiros ingerem, em média, 160 mg de cafeína por dia, enquanto nos Estados Unidos esse valor chega a 180 mg, principalmente por meio do café. Especialistas consideram seguro o consumo de até 400 mg diários para adultos saudáveis, sem riscos cardiovasculares, para densidade óssea e em mudanças comportamentais. Por outro lado, gestantes não devem ultrapassar 100 mg por dia, quantidade equivalente a uma xícara de café. Quanto a crianças e adolescentes, profissionais de saúde desencorajam totalmente o consumo, devido a possíveis impactos no desenvolvimento

Mecanismo de Ação

A cafeína bloqueia receptores de adenosina, aumentando a liberação de neurotransmissores como noradrenalina, dopamina e serotonina. Isso eleva as catecolaminas no plasma, promovendo efeitos como broncodilatação, aumento da pressão arterial e diurese.

Efeitos Metabólicos

Em estudos com animais, pesquisadores observaram que o consumo crônico de cafeína reduz o ganho de peso e a resistência à insulina em ratos submetidos a dietas ricas em gordura. Em humanos, uma dose única de 250 mg eleva os níveis de adrenalina e a pressão arterial, principalmente em indivíduos com baixa tolerância.

Termogênese e Combinações

A cafeína potencializa a termogênese quando associada à efedrina (estimulante que libera adrenalina). No entanto, essa combinação aumenta apenas modestamente o gasto energético (cerca de 30 kcal em 3 horas) e eleva a pressão arterial, limitando seu uso seguro.

Apetite e Ingestão Calórica

Estudos indicam que a cafeína não influencia significativamente o apetite, a saciedade ou a ingestão calórica. Ensaios clínicos com doses de até 4 mg/kg de peso corporal não mostraram alterações na quantidade de calorias consumidas ou na preferência por macronutrientes.

Riscos e Efeitos Adversos

O consumo excessivo, principalmente via suplementos ou bebidas energéticas, está ligado a taquicardia, náuseas, alterações psiquiátricas e cardiovasculares. Nos EUA, mais de 13.000 casos de efeitos adversos foram relatados entre 2008 e 2015. No Brasil, análises de suplementos para emagrecimento identificaram doses de cafeína acima do declarado e presença de substâncias não informadas, como efedrina, sibutramina, entre outras.

Cafeína Emagrece?

Sendo assim, a cafeína tem efeito modesto na termogênese e nenhum impacto relevante na regulação do apetite. Seu uso isolado ou em suplementos não é recomendado para o emagrecimento, devido aos riscos de efeitos colaterais graves e aumento da pressão arterial. A estratégia prioritária deve focar em mudanças sustentáveis na alimentação e prática de exercícios, sem depender de estimulantes.

Fontes: Posicionamento sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e da obesidade, Abeso 2022.  Protocolo de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar da gestante, 2021.